Diário de Viagem

Oi pessoal! Tudo bem com vocês? Bom, acabou a semana de provas (quase, falta a redação de Filosofia) e chegou a hora de escrever o diário de viagem completo do estudo do meio; ou seja, tudo que eu não escrevi no post sobre momentos marcantes.

DIA 1

De manhãzinha, bem cedo, estávamos todos lá, prontos para sair. Como eu havia previsto nas minhas expectativas para o Móbile na Metrópole, havia um monitor extremamente animado para as sete da manhã. Mas sempre tem, né? Alguém precisa animar o negócio. Esse alguém só não sou eu.

Nosso roteiro, o 8, foi o primeiro a sair da Móbile. Dentro de cinco minutos, percebi que tinha esquecido de levar uma garrafa de água. [inserir suspiro melodramático aqui]. Mas acontece. Minha amiga, Beta, foi gentil o suficiente pra dividir a dela comigo ao longo do dia. Pegamos um ônibus até o centro, onde montamos nossas bicicletas pela primeira vez, na frente do hotel. De lá, fomos para a CET. Fora um quase-atropelamento, tudo correu bastante bem, e chegamos lá exaustos e ofegantes, mas vivos.

Gabi, Beta e eu no Beco do Batman.

Gabi, Beta e eu no Beco do Batman.

Sendo 100% honesta, não achei nossa parada na CET interessante. Tivemos, basicamente, uma aula sobre como ler placas de trânsito. Mas deu tempo para se recuperar, comer um lanche, ir ao banheiro, o que foi bom (e todo mundo precisava na hora). Depois da CET, fomos de bicicleta para o restaurante, Maha Mantra. Antes de chegar lá, passamos pelo Beco do Batman. Eu fiquei realmente encantada com o lugar, pois sou apaixonada por arte de rua, e eu só tinha visto fotos do lugar.

Bom, acho que falei o suficiente do Maha Mantra no meu post de momentos marcantes, então vamos logo pro nosso dia pós-almoço. Saímos do restaurante de bicicleta, e nos encaminhamos ao Parque do Povo. Lá, conhecemos o fundador do Aro Meia Zero, o Cadu, um cara que evidentemente fez a escolha certa ao fundar essa organização, uma vez que mostrava enorme paixão ao falar sobre as bicicletas e seu projeto.

Depois disso, fomos ao Teatro Vento Forte, ali no Parque do Povo também. Conversamos com o fundador do lugar, Ilo Krugli, um argentino já de idade bastante simpático. No começo, achei interessante. O homem tinha uma vida repleta de histórias para contar, e eu sempre amei histórias. Mas ele perdia o foco da história muito rápido, e a gente acabava se perdendo junto. Depois de uma hora, acredito que metade do grupo já não estava prestando atenção. Mas para quem acompanhou, como eu tentei, foi uma conversa bastante interessante. Acho que a única parte mais chata foi que tivemos que ir de volta para o hotel de ônibus logo depois, ao invés de pedalar pela Marginal como havia sido planejado.

Mais a noite, depois de jantar, tivemos as oficinas: break-dancing, parkour e sticker. Eu escolhi break, e não me desapontei. Na Praça Roosevelt, aprendi a fazer alguns passos de dança (que eu nunca imaginaria que eu conseguiria fazer) com o Grilo, nosso professor, e depois ainda tivemos a chance de fazer uma pequena competição com o outro grupo que estava fazendo break. Foi uma experiência incrível, e eu sai de lá com vontade de ter mais aulas!

DIA 2

Acordei bem cedo, tomei café-da-manhã e encontrei o resto do grupo 8 na recepção do hotel. De lá, pegamos um metrô, e fomos para o Terminal Rodoviário do Tietê. Tivemos 30 minutos de tempo livre, durante os quais podíamos entrevistar pessoas e explorar o local. Não era um horário muito movimentado, mas eu vi pessoas de diversas nacionalidades lá.

grafitti perto do Parque da Juventude.

grafitti perto do Parque da Juventude.

passarela de Carandiru.

passarela de Carandiru.

Depois disso, fomos a pé para o Parque da Juventude. Mais uma vez, acho que falei o suficiente do lugar no meu post sobre os momentos marcantes. Eu adorei o parque. Ali pertinho era o Museu Penitenciário Paulista. Fomos para lá, onde aprendemos um pouco sobre a história da prisão em geral, assim como, especificamente, a história de Carandiru. Inclusive tivemos a experiência de ficar um minuto na cela de solitária na qual os prisioneiros ficavam, no escuro, por semanas ou até meses! O grupo que havia ido para esse museu no primeiro dia me havia deixado com poucas expectativas do lugar, mas me surpreendi positivamente. Achei bem interessante.

Almoçamos no Conceição Discos. A comida lá era maravilhosa. Assim, sem noção. Comemos ovo frito com arroz com frango incrível, e o pudim, como diria nossa professora Teresa, era melhor do que pudim de avó. Nossa. Ainda pretendo voltar lá.

O único problema foi que saímos de lá pesados, e tivemos que ir a pé para a Oficina de Corpo Zé Maria. Essa oficina foi uma experiência muito diferente do que o que eu havia imaginado, bem tranquilizante e calma. Fizemos atividades que tinham como centro, acredito eu, “encontrar seu eixo” (como disse Zé Maria no início do encontro). Foi bem interessante.

foto de uma das placas dentro da ocupação.

foto de uma das placas dentro da ocupação.

De lá, fomos para a Ocupação Marconi. Olha, aquele lugar me fez pensar bastante sobre pessoa que eu sou. Não existe palavra melhor para descrever o homem que nos apresentou o lugar, Péricles, do que altruísta. Ele abriu mão de muitas partes de sua vida para proporcionar o bem para as pessoas daquela (e outras) ocupação. E ele falava com enorme determinação sobre o futuro do lugar. Sai de lá me sentindo insignificante, egoísta ao lado de alguém como Péricles, que almeja mudar a vida de tantas pessoas, e que falava disso com tanta naturalidade. Foi uma visita realmente marcante.

A noite, tivemos nosso sarau. Foi muito legal, achei todo mundo que se apresentou muito talentoso, e gostei muito da união que o grupo apresentou, apesar de ocasionais conversas que atrapalhavam em momentos pontuais. Me diverti muito.

DIA 3

Chegou o último dia do Móbile na Metrópole. Não estava muito feliz, sabendo que o nosso estudo do meio estava prestes a acabar. Foi o dia do roteiro livre. Visitamos os arcos da Av. 23 de Maio e fomos para a Praça da Sé, onde tivemos a oportunidade de conversar e entrevistar muitas pessoas. Tivemos alguns desentendimentos dentro do grupo a cerca da escolha para o almoço, mas acabamos almoçando no Hon He, na Liberdade.

um dos arcos da 23 de Março.

um dos arcos da 23 de Maio.

outro arco da 23 de Março.

outro arco da 23 de Maio.

outro arco da 23 de Março.

outro arco da 23 de Maio.

Na segunda metade do dia, assistimos a peça sobre a qual eu escrevi no meu post de Momentos Marcantes. Mais uma vez, queria ressaltar que adorei assisti-la.  Depois de seu término, nossa série inteira se reuniu em um dos estabelecimentos da Vila Maria Zélia, onde pudemos conversar com alguns atores da peça, e onde finalizamos o estudo do meio.

De lá, foi de volta para a Móbile.

– – –

Nesses três dias, conheci uma metrópole que eu nunca havia visto nos meus quinze anos de vida; mas era uma metrópole que sempre havia estado lá, eu só não havia aberto os meus olhos para ela. Foi muito, muito refrescante conhecer minha cidade.

Eu não vou falar que só vi coisas lindas. Não, também enxerguei alguns problemas dos quais eu já tinha conhecimento de perto. Mas conhecer essa enorme metrópole, de verdade, me deu muito mais vontade de tentar trabalhar para resolver esses problemas. E, quem sabe, nosso pequeno documentário de 10 minutos seja um começo.

O projeto ainda está longe de acabar, e ainda tenho muito o que conhecer em São Paulo. Mas eu tenho o Móbile na Metrópole a agradecer por abrir os meus olhos para a cidade na qual eu vivo.

Sabe, foi engraçado. No terceiro dia eu estava triste que teria que “voltar”. Durante o estudo do meio, eu senti que estava fugindo da realidade.

Na verdade, eu a estava conhecendo.

– Manu

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